domingo, 15 de novembro de 2015

DRAGÕES EM TORNO DE MINAS GERAIS...OU QUASE (Férias 2015)


https://goo.gl/maps/CVqiuogtGD32

Olá galera, fãs das aventuras motociclísticas dos M C Dragões das Sombras (na verdade não precisam ser fã nem conhecer, escrevi isso apenas para criar um clima e instigar a curiosidade em voces) segue mais uma narração do passeio realizado pela dupla Véio e Lú, por estradas que contornam o Estado de Minas Gerais...ou quase, no período de 08 à 28/09/15.
Quebrando os paradigmas (ainda tenho que pesquisar a terminologia para saber o que significa – mas é tão bonita que decidi usar) e como prova que o Cássio está trabalhando seu TOCzinho (transtorninho obsessivinho compulsivinho) quanto a ter controle sobre tudo, fizemos uma programação mínima. Apenas preparamos a Fiona, compramos roupas íntimas descartáveis, pintei as minhas unhas e os cabelos, mapeamos alguns destinos que nos levássemos até a Bahia sem passar por Minas Gerais. Nada de reservas antecipadas, mapas desenhados, apenas nós e a estrada. O Véio ficava repetindo uma frase em inglês, que eu não entendi, mas acho que se referia “a sem destino”, ou era alguma reza para amenizar a ansiedade...quem sabe?
Saímos às 5h30min do dia 08/09/15. Isso mesmo que vocês estão lendo, não foi apenas o Véio que fez concessões para esta viagem, eu também fiz. Acordei cedinho em todos os dias sem reclamar. Foi interessante, pois presenciei um fenômeno que já tinha ouvido falar: o nascer o Sol. Acreditem só, o Astro Rei vai surgindo devagarzinho no céu escuro, tingindo tudo com seus raios luminosos. Bem bonito, mas sempre é igual. Fico pensando que o Sol poderia inovar um pouco, diversificar e etc., já está muito démodé, e com tanta tecnologia disponível pela internet, sei lá, mas é claro que isso é apenas a minha humilde opinião pessoal.
A temperatura estava mediana com previsão de chuva forte. Ah, esqueci-me de falar que acompanhávamos diariamente a meteorologia. Era uma viagem desprendida e quase sem destino, mas sem exageros. Saber a quantidade de água na estrada e questão de segurança, principalmente porque eu tinha, como já disse, arrumado o meu cabelo. Umidade x chapinha X chuva, combinação desastrosa. O passeio era para nos sentirmos livres e não feios.
Ainda no Rodoanel, logo após o túnel, desabou uma tempestade com vento. Paramos na Central de Apoio e vestimos as capas de chuva sobre a roupa que é resistente a água, e que embora não encharque fica um pouco molhada, bem como as luvas. A questão não é a semimpermeabilidade das peças e sim os punhos e golas que sugam a água, transferindo-a para as blusas, bermudas e no caso do Véio que tem as pernas longas, para dentro da bota. Detalhe, a bota do Cássio, além de ter 09 centímetros de altura, que é simplesmente um luxo, é também plenamente impermeável, formando um recipiente não desejado, mas hermeticamente eficiente para transporte de líquidos não potáveis.
Após uns 100 quilômetros a chuva foi-se e o combinado das roupas mais a capa plástica para chuva e mais o calor próprio da região personificou o conceito utilizado nas saunas. Desconfortáveis e muito motivados, mesmo após 08 horas de estrada, chegamos até Búzios no Rio de Janeiro, onde eu descobri que o nome correto é Armação de Búzios, e o gentílico é Buziano (ooh meus deuses afrodescendentes). Na Central de Atendimento ao Turista pegamos um mapa com informações e nos hospedamos na Praia da Ferradura, já no final do dia, pela localização privilegiada da proximidade com a praia, esta conhecida pela beleza natural e calmaria das águas. Fato que se confirmou. Local lindo e também com uma infestação de insetos alados sugadores de sangue. O pior é que a pousada não tinha qualquer sistema de prevenção, fato que não verificamos inicialmente, apesar do preço de 04 estrelas. O colchão e os travesseiros muito usados e duros, faltavam tomadas e locais para estender as roupas molhadas. Para ser justa nunca tem local para secagem de roupas. Acho que os hospedeiros acreditam que esse detalhe é insignificante, que todos os viajantes são portadores de poderes mágicos para cuidar das roupas sujas e molhadas, principalmente em região de acesso a praias, rios e piscinas. Aí colocam os tais bilhetinho “proibido pendurar peças nas varandas ou usar secador de cabelo para outras funções e etc., sujeitos a multas e tal e tal”.




Lembram-se da chuva, aquela mesma de São Paulo, chegou junto conosco, implicando na queda da temperatura e ventos, de forma que não nos banhamos no mar, apenas circulamos pela cidade, que é completamente vocacionada para o turismos. Com restaurantes temáticos, aconchegantes, com uma gastronomia gourmet e garçons poliglotas, verdadeiros profissionais e não apenas servidores de mesa. No período estava lotada de estrangeiros, principalmente os hermanos argentinos.
Antes de nos hospedarmos paramos no Bairro Manguinhos, no pátio de um shopping para ler o mapa, assim, decidimos retornar no dia seguinte para almoçar. Eu, além de ter dificuldades com lateralidade, estradas de terra e locais fechados, também, descobri, não tenho noção de distância e sugeri ao Véio irmos caminhando até o local. Assim, eu calçando um chinelinho de dedo, iniciamos o percurso. Muito tempo depois com algum esfolamento nos pés e superinteressada para conhecer o banheiro mais próximo, escolhemos um restaurante e pedimos um rissoto de camarão. Enquanto esperávamos o prato, beliscamos uma baguet com o melhor, mais maravilhoso, surpreendente e delicioso azeite de oliva consumido em minha vida. É, vocês devem estar esperando eu terminar com os adjetivos superlativos e informar a marca ou pelo menos o nome do produto, mais, então, não sei....perdida nos prazeres do sabor esqueci-me do básico. Verdade, o rissoto estava delicioso também.
No dia seguinte descobrimos que tínhamos caminhado 07 quilômetros na nossa aventura gastronômica. Voces leram certo, 07 mil metros de Havainas que não soltaram as tiras mas ficaram enlameadas e empoeiradas. Búzios, embora encantadora, não oferece acessibilidade para pedestres, ciclistas, cadeirantes, carrinhos ou para qualquer pessoa com dificuldade de mobilidade e, também, percebemos um entorno com moradores empobrecido e trânsito disfuncional, mas a gastronomia compensa e a música reinante é a bossa nova. O horripilante funk, tão difundido no Rio de Janeiro, talvez, só lá na periferia. Paulista é muito exigente e crítico, mesmo eu que moro em Mauá.
Como o tempo não colaborou, retomamos a viagem, sentido Espírito Santo. Eu com uma alta expectativa de encontrar povoados e praias tranquilas. Percorremos através da BR 101, que tem o irritante limite de 50km/h e passa dentro dos bairros, assim conseguimos rodar apenas 250 quilômetros durante todo o dia (ou 420 km) até Vila Velha. Uma grata surpresa pela organização, limpeza e urbanização, diferente das notícias televisionadas constantemente sobre atos de violência. Lembrou-me a cidade do Rio de Janeiro, só que menos glamorosa, movimentada e sem arrastões, bom até onde eu vi, considerando que eu fiquei menos de um dia lá, e sem turistas, com temperatura mais baixa (pensando bem, agora falando assim acho que não lembra mais o Rio. Não, talvez o Guarujá- SP?), com sua orla cheia de pessoas se exercitando, bebendo água de coco, pedalando, com suas roupas e acessórios de marcas famosas e acompanhadas com seus telefones celulares de última geração e cachorrinhos mimados e entojados. Hospedamo-nos em um hotel com uma linda vista para praia, piscina e com ótimo atendimento, embora impessoal, como é esperado deste tipo de negócio. Para jantar, buscamos um local que servisse um prato típico, que é a moqueca capixaba. Não encontramos.
Passeamos pela praia e eu achei uma moeda no chão, peguei-a e já estava me sentindo sortuda quando o Cássio, muito agitado, gritou: - larga que pode ser oferenda pra Iemanjá. Ato reflexo joguei o dinheirinho na areia. Vai que a verdadeira dona fica irritada. Eu e o Véio já temos um histórico recheado de problemas devido comentários desastrados sobre representantes de divindades lá no Peru, imagina o que poderia acontecer com uma ação tão direta.
Os restaurantes ou eram longe ou já estavam fechado. Durante nossa procura pela rua principal que margeia o mar, vimos em diversos anúncios de uma iguaria feita com peixe piruá. Assim, entramos no único estabelecimento aberto (barraquinha na areia da praia) e como ventava muito nos assentamos no lado de dentro. Éramos os únicos clientes, ou assim imaginamos, e pedimos o tal piruá, que o servidor de mesa, esclareceu ser um prato completo, com peixe, batata frita, banana frita, cebola e salada, suficiente para duas pessoas comerem bem.
Enquanto aguardávamos o garçom, também operador de som, responsável pela limpeza e caixa, sentou-se em outra mesa e entabulou animada conversa com colegas de trabalho, morador local e um caminhoneiro gaucho saudoso de sua terra e família, que à medida que se embriagava acentuava o sotaque sulista, o uso de interjeições bem regionais e o volume da voz, que rivalizava com a altura do vídeo clipe de músicas sertanejas (duas ou três que se repetiam). Assim soube que o gaucho tinha 03 filhas, uma de 13 anos, tinha ido para uma festa de aniversários e ele queria saber se ela tinha “ficado” com algum guri, caso positivo ele ia “capa” o guri e entre muitos báaaaaaa’s tchê’s intermináveis e a musica pavorosa, onde o cantador fala: - [... foi eu que paguei...], chegou a nossa comida. Uma pilha de batatas, cebolas e saladinha, a banana eu não vi, com o mirradinho do peixe piruá, com cabeça e tudo, por baixo, com dois pires para apoio, talheres opcionais e guardanapo se conseguisse mantê-lo sobre a mesa. Foi uma verdadeira epopeia comer sem derrubar as coisas na mesa, coberta por uma toalha plástica memorável. Frustrados, com os dedos sujos e ainda com fome pedimos uma porção de coxinha de carne de siri, que o Véio chamou equivocadamente, por umas dez vezes, de perna de siri.
De manhã recomeçamos nossa viagem. Passamos rapidamente por Vitória, que nos pareceu cosmopolita e bonita. Seguindo a sugestão do funcionário do hotel, pegamos a estrada costeira, por ser mais bonita e evitarmos, pelo menos por uns quilômetros a BR 101 e seu limitado limite de velocidade.
Circundando a baia em Vitória pela terceira ou sétima vez (quem é que estava contando??) fomos emparelhados por um motociclista que ofereceu orientação e até nos comboiarmos para o acesso à BR 101 - sempre a bendita. O Véio desconfiado (meio paranoico) recusou fazendo gesto de positivo com a mão em sinal de “tudo bem, sou paulista e é claro tenho GPS” e acelerou para dar distância entre o prestativo capixaba, ainda sob a sua sonora informação:... – não tem erro e só fazer a curva no final desta via e já tem placa para..., e assim fomos em frente, só que não fizemos a curva e entramos sem autorização no pátio de uma enorme empresa. Saímos rapidamente, mas não tão rápido para não levantar suspeitas. Mais um pouco circulando por lá e já estaríamos conhecidos pelas redondezas, sem contar na tentativa inconsciente do Véio de evitar reencontrar o simpático informante, aquele motociclista “...não tem erro, é fácil...” e, é claro que nesse horário o sol já estava esquentando e a cidade agitada, com tráfico intenso e zunindo, ainda bem que meu novíssimo capacete tem óculos para sol acoplado e ventilação regulável.
Enquanto rodávamos e vislumbrávamos o litoral do Espírito Santo, meus olhos ignorantes registraram um mar amarronzado, que me sugeriu sujeira, já que a região tem um imenso Porto. Posteriormente constatei que as areias são naturalmente avermelhadas o que reflete nas águas do mar, causando um aspecto opaco e amarronzado. Olá Google.
Continuamos com destino a Conceição da Barra, sentido litoral norte do estado. Retomamos pela BR 101, em um trecho melhorado, mas mesmo assim, demoramos um dia inteiro para percorrer um pouco mais de 300 quilômetros. Em determinado ponto o Cássio desviou, seguindo a orientação do GPSGabriela, para uma estrada estadual com bastante curva, que cortava a área rural. Cercada de pastos para bovinos, embora tenha visco poucos animais, que finalizou em um vilarejo, e seguia por uns 14 quilômetros sem pavimentação e sem informação do estado de conservação. Aí vocês já devem ter adivinhado que nesse momento eu solicitei delicadamente e carinhosamente ao Cássio que procurasse outra rota, considerando que desconhecíamos o percursos e o GPS estava sem sinal e que não valia o risco. Talvez na versão do Veio a situação tenha sido mais para eu tendo um “chilique”, fazendo ameaças e conjurando pragas, gritando palavras de baixo calão e impropérios....mas quem está julgando?
O acautelado desvio nos levou por seguros e asfaltados 160 quilômetros, entre vacas e o nada, até outra estadual cercada de vacas e o nada e, então a cidade de Conceição da Barra, vila de pescadores artesanais, pequenos agricultores e pecuarista. A pousada escolhida, pesquisada no www.inbook detinha todos os atributos que desejávamos quanto à tranquilidade, quietude e proximidade da praia. Da pista à portaria da pousada são cerca de 2 quilômetros de rua de areia. Como já estava anoitecendo agilizamos nossa chegada e bem no portão a roda dianteira da moto deu uma travada no bolsão de areia fofa e quase tombamos, mas uma manobra operado pelo Cássio, estilo Jedi, nos manteve em pé.
Com o coração pulando mais forte, fechamos a pernoite sem olhar muito a cama, mas felizmente o quarto e o local eram ótimos. A moça da recepção, que soubemos depois é filha da proprietária, uma jovem alta e loira estilo modelo fotográfico, só que sem a anorexia, respondia às nossas perguntas substituindo a palavra “sim” por interjeições enigmáticas, como “ahraa” e “ahroo”, mas muito gentil e cooperativa. Os hospedeiros simpáticos e acolhedores tratam os hóspedes como familiares (sabe como aquela tia legal, não a prima impertinente e esnobe que a gente encontra nos funerais e mal tolera).
Cansados da viagem optamos por encomendar lanches a serem consumidos no salão da pousada.
A nativa nos esclareceu que está sendo construído uma barreira de pedras entre as casas abeira mar e o próprio mar, que nos últimos anos tem avançado sobre a praia. Disse que à apenas 04 anos havia 50 metros de praia para os banhistas. Assim, apenas no período da manhã (cedo) é possível banhar-se no mar e, ainda, com cautela. Curtimos a piscina e umas porções na própria hospedagem. No período da tarde fomos conhecer as dunas de Itaúnas e ver o por do Sol.
O caminho é feito por 20 quilômetros de estrada não pavimentada, mas bem conservada. O acesso às dunas é feito a pé, morro acima de areia fofa, quente e instável. O Cássio teve que me rebocar e mesmo assim as pernas trançavam com o esforço e acabei por cair de joelhos. Soubemos que a cidade foi transferida para outro local, pois a areia cobriu tudo, aparentes apenas pequenos pontos do alto das construções encobertas, há pouco mais de 10 anos.
Perambulamos pela inclinada e estreitinha praia de Itaúnas. Observamos o mar com ondas fortes e profundo e voltamos ante do por do Sol. Eu estava preocupada com o retorno pelos os 20 quilômetros de terra batida sem qualquer iluminação e suporte. A milha tolerância é baixa quando se trata de off road.
Saímos para jantar, no centro comercial de Conceição da Barra, mas como na região escurece cedo, parecia mais tarde, mas ainda não eram 18 horas e o comércio estava fechado. Encontramos um pizzaria (é tem em todo local) e pedimos pizza de siri, mas como o estabelecimento estava abrindo as portas naquele momento o pizzaolo ainda estava preparando a carne para a noite. A graça foi a cara de espanto do garçom quando escolhemos outra cobertura e eu pedi para retirar o queijo. O homem rodeou, pensou e voltou para confirmar a inusitada solicitação, esclarecendo que o produto poderia ficar “sem liga”. Como já disse, paulista é muito exigente. Aqui em Sampa nada é estranho ou impossível quando se trata de pizza ou horários para comer.
No dia seguinte, partimos com objetivo de atravessar para o estado da Bahia, uns 250 quilômetros até Porto Seguro, esperançosos, independente da distância não ser grande para os padrões Dragões, que as estradas desta vez estariam melhores que as anteriores e a viagem iria render. Cruzamos o canal de balsa, por incríveis 10 reais. Pensei que estava comprando a embarcação.
Rodamos pelar orla, passamos por pontos de “baladas” conhecidos como os preferidos dos formando de todo o Brasil. Como estávamos fora de temporada, estava tudo tão quieto que ficou difícil imaginar o motivo dos graduandos procurarem a cidade. Mas gosto não se discute, e, depois, a moçada é muito influenciável. Vai-se saber.
Paramos em uma pousada – Aldeia Portuguesa, de propriedade de uma angolana, apaixonada por carro coreano. Acho que não a mulher não nega a descendência lusitana.
O local é bem grande, com aspecto aconchegante e integrado com a paisagem e a natureza, mas os dormitórios e o café da manhã seguem padrão de Hotel estrelado, que para mim é muito conveniente.
Os restaurantes no entorno fecham às 18 horas, a exceção de uma Casa Italiana, com donos italianos de verdade. Pratos bem variados e preços de cozinha internacional. Acabamos jantando todos os dias lá, pois quando pedimos sugestões para o rapaz da pousada, ele, gentilmente, esclareceu que não tinha nada perto e era inseguro andar pelas ruas: - Ohh, não é pra assustar, não, mas é que teve alguns assaltos... Diante da nossa surpresa ele reagiu: - Viu, já ficou assustado!!!, e continuou: - Vou lhe explicar, uns argentinos caminhavam pela rua principal, com mochilas, dois assaltantes montados em uma moto levaram tudo. Assim dá-lhe cucina italiana, tutto bello e gustoso!
Participamos da principal atração que é um passeio de escuna pela região.
Contratamos o passeio através da pousada e aparte o translado para o porto. Quando o receptivo chegou esclareceu que a van estava lotada, mas que um casal de turistas estavam indo de veículo próprio e seguiríamos com os mesmos, e, ainda, que os valores pagos seriam repassados aos caronistas. De forma que entramos em um carro não identificado com pessoas desconhecidas rumo a outro município. Já estávamos para embarcar quando o Cássio percebeu que tinha esquecido seu chapéu/companheiro de viagem dentro do carro. O turista/chofer ainda teve que voltar ao local do estacionamento para resgatar o acessório.
Durante o dia inteiro circulamos pelo mesmo canal pelo qual atravessamos de balsa. Que ironia. E eu que achei a passagem da balsa muito cara. Com um grupo de turistas estranhos e esquisitos. Avistamos a Praia de Santo André. Demos tchauzinho para uma construção que foi erguida para ser a concentração da seleção alemã, na Copa do Mundo realizada no Brasil. Naquela onde os brasileiros levaram uma surra de 7X1 dos loirinhos, agora transformado em hotel com diárias, segundo o capitão da nau, exorbitantes, acesso apenas por água ou helicóptero, com direito a lembrancinhas dos campeões mundiais e lencinhos para os sentimentais.
A embarcação servia bebidas e tocava repetidamente funks e outras coisas que eu não sei nomear. Ou pelo menos, nada que eu possa escreve sem ter determinar censura de 18 anos para esta historia.
Descemos, em fim, em uma Praia, acho que era a mesma avistada anteriormente, a de Santo André, e caminhamos, caminhamos e caminhamos sobre os Corais, até bolsões de água aquecida que se formam quando a maré está baixa, para interagirmos com a vida marinha, sabem peixinhos, ouriços e estrela do mar. Os mais atrevidos fizeram flutuação, atendendo a todos os requisitos estipulados pela sociedade protetora dos oceanos e Greenpearce, para não esmagar e matar os Corais, (que são animais cnidários da classe Anthozoa, que segregam um exosqueleto calcário ou matéria orgânica e podem ser encontrados em todos os oceanos) que são extremamente sensíveis e levam décadas para crescer, ou seja, sem pisar, tocar ou arrancar nada, apenas fotografar e guardar na lembrança. Aí vocês devem estar pensando, mas ela disse que os turistas chegaram até o local andando sobre os Corais, dãã, mas esses já estavam mortos. Vai entender? Provavelmente algum grupo anterior não respeitou o aviso de preservação...aposto que eram argentinos.
O guia cutucou uma fenda e tirou um ouriço vivo e feroz, do tamanho de uma bola de tênis....não, acho que mais parecia uma bucha de piaçava com olhinhos, e expos a coisinha na palma da mão. Esclareceu que o contato com os espinhos é que causa dor, infecção e febre, segurá-lo por baixo o deixa indefeso. Muito inspirador e ecológico. Na sequência puxou uma estrela-do-mar, gosmenta e estranha, que mais parecia com 6 minhocas xipófogas esperneando, caso minhoca tivesse pernas para tanto. O Cássio consentiu que o moço depositasse a pobre criatura no seu ombro para foto. Momento bizarro da viagem.
O passeio incluía almoço que estava delicioso, principalmente o bobó de camarão. O grupo era grande e ficamos esperando a fila diminuir. Foi estranho, pois os turistas, em sua maioria paulista, primeiro atacaram o buffet como se fosse faltar comida, comeram rapidamente e depois abandonaram as mesas como se estivessem que combater um incêndio. Eu e o Cássio ficamos lá, sozinhos, saboreando as iguarias.
No encerramento fomos à Ilha do Sol, onde eu acreditei que teríamos tempo para apreciar uma praia mais isolada e rústica interligada com o manguezal. Para minha surpresa, era exatamente o oposto. Era uma loja de doces instalada em uma praia particular. Só de raiva degustei tudo que estava à disposição, mas não comprei nada. Fiz um boicote ao capitalismo selvagem. Aé, deu para fotografar uns caranguejos.
Na saída um fotógrafo estava vendendo fotos tiradas durante o embarque e impressas em um azulejo. Bem legal, embora nada artesanal. Compramos a com nossa imagem, mas esquecemos de pegar o apoiador. Agora tenho que procurar nas lojinhas dos coreanos aqui em Mauá, ou quem sabe em Santo André, para ficar no clima. O vendedor avisou para não embrulhar antes de 24 horas, para garantir a secagem. Fizemos, conforme orientado, mas quando desembrulhamos nossa imagem tinha migrado para o papel. Parece aqueles vídeos ou fotos com os rostos distorcidos para garantir a privacidade e a identidade de vítimas, delatores ou crianças.
No dia seguinte ficamos descansando na beira da praia e comendo caranguejos. É tão trabalhoso quebrar a carapaça do bichinho, que embora a carne seja saborosa, achei que não compensa. Mas é tradição local e turista que é turista se submete, para ter vantagem para contar nas reuniões de família.
O mar é quentinho, com águas transparentes e calmas, formando piscinas, mas a maré sobe rápido avançando sobre a praia, assim ficamos parte do tempo dentro das lanchonetes que beiram o local. Muito relaxante.
Na manhã, seguimos para Morro de São Paulo. Embora o percurso fosse curto, experiências anteriores nos ensinaram que quando se trata de estradas nunca se tem certeza. E, nesse caso, a esperança virou barreiras, asfalto de segunda linha, calor sem vento e a previsão de 04 horas de rodagem transformaram-se em quase 08 longas horas. Assim, ao invés de chegarmos com o dia claro, com tempo e oportunidade para pesquisarmos sobre pousadas, guardarmos a moto em local seguro e ajustarmos a nossa bagagem para apenas o necessário na ilha, pois o Morro São Paulo é uma ilha com acesso exclusivo por embarcações, estacionamos a entrada de Valença, onde tem um dos portos, quando já passava bastante das 17 horas e a última lancha partia às 18 horas.
No portal da cidade fomos abordados por um motociclista e, embora inicialmente não tenhamos dado atenção aos seus anúncios, ele foi insistente e acabou nos seguindo/comboiando até a bilheteria, mostrou um estacionamento particular e mediou nosso translado até ilha. O local é horrível. Deprimente, suja, movimentada, confusa e barulhenta. Devido o adiantado da hora, negociamos com responsável pelo estacionamento para deixar a moto, demos uma gorjeta, que o Cássio chamou de suborno para que a pobrezinha da Fiona fosse bem tratada e, também, os capacetes, e embarcamos com as roupas de viagem e todas as malas.
A expressão do Véio à medida que nos afastávamos do porto e, consequentemente da moto, era comovente, de dar pena, mas foi sendo substituída por um medo contido enquanto a lancha ganhava velocidade, que nem é muito alta, em torno de 23 nós, e a escuridão envolvia tudo a ponto do capitão ter que colocar a cabeça para fora através da janela para enxergar o caminho. Pensando que sentar do meio para frente da lancha fosse mais seguro, esprememo-nos entre os demais passageiros e muitas bagagens. Ao longo dos 35 minutos de viagem concluímos que estávamos bem no ponto de maior oscilação da embarcação, que levantava e quicava na água.
A chegada no Morro foi tumultuada. Logo na entrada tivemos que pagar a taxa de preservação ambiental e quando solicitamos um mapa de apoio o funcionário simplesmente esclareceu que: - cabô moça.., só perdoei por que me chamou de moça, rejuvenesci uns 15 anos, por 5 minutos.
Como não entra veículos automotivos no local os nativos usam uma carriola de mão para o transporte das bagagens e de até alguns turistas. A disputa pelo carreto e acirrada, chega quase ao confronto físico. Ainda tem o assédio dos representantes das pousadas e restaurantes. Tudo o que não gostamos quando visitamos um lugar, assim logo de cara o Morro perdeu parte do seu brilho. Outra surpresa foi que a ilha é ponto de baladas e atividades noturna e eu e o Véio estamos no ritmo de acordar cedo e dormir cedo. Tudo a ver.
Seguindo a indicação de uma colega de trabalho e considerando que a noite já ia alto, embora fosse apenas 19 horas, ficamos na primeira pousada que consultando. O quarto ficava em frente ao mar e o barulhinho das ondas embalou nossos sonhos.
Para comer procuramos o centro comercial, morro acima, que oferece muitas opções, com preços interessantes. Sentamos em um acolhedor restaurante, servido por uma jovem simpática e muito calma. A cada pedido a garçonete ia verificar se estava disponível, quando não, ela retornava com um sorrizinho de desculpa e falava: - iii moço hoje o senhor tá sem sorte, não vai ter... e iniciava uma arrastada explicação sobre o sistema de distribuição dos ingredientes e relação com os fornecedores do continente para com a ilha.
Mas lá foi o local onde comemos a melhor refeição da viagem, uma moqueca mista completa, e olha que tínhamos feito refeições ótimas ao longo dos dias, a exceção do peixe piruá, lembra?
Na manhã, decidimos caminhar pelas areias e conhecer as belezas da ilha que é formada pó 10 praias. Lá pela quarta parada, eu já estava cansada, observamos a formação de piscinas no mar, com a presença de cardumes de peixes e outros seres marinhos. Divertimos-nos muito.
Para o almoço, quase janta, entramos em um local, fizemos o pedido e enquanto aguardávamos um casal da mesa ao lado levantou-se de forma abrupta, aproximou-se de nós e de forma enfurecida disse: - não comam aqui, comida ruim, reaquecida em micro ondas... ficamos em estado de choque e depois tivemos uma crise de riso. Aproveitando a demora e um letreiro informativo que o estabelecimento não aceitava cartão para pagamento, cancelamos o pedido e saímos. Tal foi à pressa que eu esqueci o meu chapéu. O garçom correu atrás de nós, e se não fosse outros transeuntes me alertarem, eu teria continuado a me afastar rapidamente, pois me sentia culpada pelo cancelamento do pedido e achei que o mesmo estaria cobrando qualquer taxa de prejuízo ou multa rescisória do restaurante.
Enquanto passeávamos uma pessoa falando portunhol sugeriu uma visita ao Farol do Morro e assistir o por do Sol. E lá fomos nós, morro acima, por uma escada sinuosa. No alto, também, fica o mirante e instalada a tirolesa, de onde é possível ver todo o mar e parte das praias.
O Véio ficava insistindo para circundarmos o farol para ver o por do Sol, mas eu olhava e não via qualquer caminho oficial para tanto e como eu sou uma lerda para caminhar em trilha e ainda nas alturas não quis ir. Quando estávamos retornando observei pessoas sorridentes saído de um caminho falando da beleza do poente. Aí decidir, enfim, acompanhar o fenômeno, mas um turista com veia comediante garantiu-nos que o caminho era seguro, mas que o Sol já tinha se recolhido, que se eu tivesse chegado uns 3 minutos antes...que agora não veria nada, além do escuro. Assim, desci a íngreme escadaria, com o Cássio resmungando no meu cangote.
Cansados de tanta areia e mar, encaminhamo-nos para o interior da Bahia, sentido Chapada Diamantida. Agora as estradas estavam melhores, o clima bem mais quente e seco com vento e o calo do meu dedinho do pé, onde a bota pega, reclamando. A paisagem mudou radicalmente, agora estávamos cercados por plantações de coisas rasteiras não identificáveis, pastos com umas vagas magrinhas e um nada por horas.
Chegamos, só para não quebrar a rotina, próximo ao cair da noite. A estradinha de 12 quilômetros que indica o portar a cidade de Lençóis, nosso destino, dentro do Parque Estadual da Chapada Diamantina, é uma serra arborizada e bonita. Mas o portal é apenas a placa mesmo que anuncia a proximidade da cidade.
Atravessamos o município, retornamos e entramos no estacionamento de uma pousada grande. Eu saltei da moto, pois já estava cansada, e fui me informar sobre as condições de pernoite. Enquanto isso o Véio estacionava a Fiona no pátio revestido por pedras. Quando fui surpreendida por um barulho de ferro arrastando, virei-me e deparei-me com o Cássio semisentado na moto, que mesmo com o pezinho de apoio, devido à inclinação do piso, estava escorregando e tombando. Novamente o Cássio, apesar de pálido, realizou outra manobra Jedi e evitou a queda. Caso a Fiona tivesse caído, penso que só um guincho ou umas 4 pessoas seriam necessárias, incluindo-me fora, porque eu sou fraquinha e frágil, para levantá-la.
Como não tinha vaga procuramos outro lugar. O que acabou sendo muito legal, pois o proprietário Paulo Cesar, o PC, da Pousada Recanto das Árvores também é mototurista, integrante de Moto Clube, e nos sentimos em casa. O PC até emprestou umas ferramentas para fazermos a manutenção da Fiona, uma tal de chave que o Cássio se esqueceu de levar, e contou várias histórias de suas aventuras pela chapada e suas belezas.
A pousada é muito aconchegante, com um restaurante rústico e totalmente integrado com a natureza. O quarto enorme, com espaço para 6 pessoas, e uma varanda com rede onde pudemos estender nossas roupas, além de um café da manhã delicioso e diversificado.
Estávamos próximos do centro da cidade e saímos a pé para jantar. Eu de chinelinho para dar uma folga ao meu calinho. Para nossa surpresa, local é ponto turístico, histórico, com pitorescas construções do período do auge da extração de minério, hoje transformadas em pequenos restaurantes onde os clientes ficam em mesas disposta nas ruas e lojas, com profissionais poliglotas e muitos estrangeiros proprietários e turistas, pavimentada com pedras irregulares e escorregadias, o que fez um estrago nos meus pés, além de artistas saltimbancos.
Comemos uma deliciosa fritada com diversas carnes, acompanhada de salada, e desfilamos com uma garrafa vazia de cerveja exótica de maconha. A única coisa que me desagradou foi o número significativo de crianças perambulando em situação de trabalho e nenhum serviço de proteção às mesmas.
No outro dia fizemos um passeio para conhecer os morros da chapada, que são os principais cartões postais da região. Conduzidos por guias simpáticos fomos até o alto da montanha por uma trilha de pedras, sob um calor danado.
Considerando que eu só subo escada rolante (aquela elétrica dentro dos shoppings) foi quase um suplício. Metade do cominho o Cássio me puxou e na outra um dos guias me rebocou para o topo. A visão da chapada é magnífica. De lá é possível avistar todo o vale e demais montanhas.
Depois o transporte estacionou na via para termos uma visão de uma montanha que, olhada com muita criatividade e vontade, parecer ter o formato de um camelo sentado. É o mesmo processo de ver figuras nas nuvens, água e etc.
A outra parada nos levou para observamos as cavernas de formação sedimentar milenar. Considerando que eu tenho fobia de espaços fechados e confinado foi um grande desafio. Cada um de nós recebeu uma lanterna, eu queria mais, mas não tinha, e o guia especializado carregava um lampião a gás. Na entrada da caverna o profissional solicitou silêncio, pois a região é cheia de abelhas africanas assassina, sensíveis ao som. Nunca houve um episódio de ataque, mas sempre é melhor prevenir. Fiquei pensando o que “diabos” abelhas africanas fazem no coração do Brasil, mas preferir seguir a recomendação e me calei, e todos que me conhecem sabem que isso é uma grande dificuldade, principalmente se estou ansiosa ou nervosa, faz parte da minha charmosa personalidade ser muito falante e comunicativa.
Talvez pelo nervosismo ou um novo distúrbio adquirido com a idade, a poeira começo a me deixar com dificuldade de respirar e muita coceira no nariz e os olhos.
A caverna é muito grande, alta e ventilada. O caminho demarcado com cordas, às luzes das lanternas e o apoio do Cássio garantiram que o eu transpusesse o percurso de forma tranquila. No ápice do passeio, o guia solicitou que todos desligassem as luzes e contemplassem o total e absoluto escuro e silêncio, e assim fizemos. Mas, de repente, eu que estava suportando bem as coceiras soltei um espirro forte. Não houve tempo para reprimir. O barulho retumbou na caverna, quebrando todo o clima, desencadeando a risada de outros turistas e em mim, que quase fiz xixi na roupa. Rapidamente o guia reacendeu o seu lampião e retomou a caminhada sem qualquer comentário, mas eu sentia o seu ressentimento pelo meu ato desrespeitoso. Ou não, pois assim o passeio terminou mais rápido. Acho que inconscientemente meu organismo criou um mecanismo para agilizar a minha saída da caverna. Quem sabe os mistérios da mente...
Após o almoço, fomos até uma fazenda particular que tem braço de rio com águas cristalinas e frias, que forma uma prainha linda, batizada de Prainha Azul. Passamos as horas finais no local. Ficamos na água e peixinhos, muitos peixinhos pequeninos mordiscavam nossos corpos. Mordidinhas afiadas e contínuas. Eu fique pensando que talvez eles soubessem que eu tinha comido carne de peixe, quem sabe algum parente, e o ato fosse uma vingança orquestrada por um líder revolucionário esquerdista tentando inverter a lógica da cadeia alimentar.
Eu retornei à pousada exausta e com dor no joelho, além de alguns espirros ocasionais. Achei que eu ei precisar tomar analgésico.
Saímos para jantar e eu calcei tênis, para poder andar pelo calcamento, mas não resolveu muito continuei escorregando e derrapando. Era cedo para os padrões locais, assim sem muitas opções pedimos uma taboa de carne com mandioca, que eu não gostei, além do serviço ruim e demorado.
Para compensar ficamos o dia seguinte inteiro na piscina para eu relaxar e descansar meu corpo. O PC organiza passeios de quadriciclo por trilhas, bem legal, mas eu não ia aguentar ficar no lombo de um moto, mesmo que fosse uma de quatro rodas, em essência é a mesma posição. Mas tirei umas fotos montada, só para registro.
Despedimo-nos da Bahia rumo à Goiás do jeito que eu gosto. Mais de 800 quilômetros em uma estrada reta, sem chuva, pouco tráfico, com uma média de 140 km/h e até beliscamos as margens de Brasília. Muito divertido apesar do imenso calor atingindo até 42,5°.
Passamos em Cristalina para eu olhar os cristais e pedras transformadas em joias, mas, apesar da beleza dos artefatos comprei apenas um pingente em formato de coração. Não estava inspirada.
Mesmo com excelente rendimento, tivemos que parar para pernoite na cidade Luiz Eduardo Magalhães.
Estávamos circulando em busca de hotéis quando fomos abordados por um homem, pilotando uma VStrom, que comentou conhecer um hotel onde o proprietário amigo dele, também motociclista, costumava receber mototuristas com um preço justo e conforto. E lá fomos nós, atrás de um pleno desconhecido para um destino incerto. O rapaz passou por dentro do pátio de um posto de combustível, entrou na contramão (só um pedacinho) para cruzar uma via expressa e nós, firmemente, seguindo-o.
Mas, enfim, o motociclista chara do Cássio, que por coincidência conhecia o PC da Chapada Diamantina, não era nenhum sociopata. Enquanto eu me acomodava no quarto bem confortável e descalçava a minha bota o Véio acompanhava o Cássio, o Nei, dono do hotel Veneza e outro motociclista para uma troca de experiências de viagens e ver as máquinas dos novos amigos.
O Nei informou que estaria acontecendo um encontro de motoclubes em Goiânia. Questionamos os novos amigos se participariam do evento, e o Nei nos respondeu que não, pois lá estava fazendo muito calor. Helloo!? Calor quanto, se na cidade os termômetros marcavam perto dos 38°, e isso depois do Sol se por?
Por indicação dos nativos fomos a uma pizzaria (é existe em todos os lugares). Quando estacionamos o dono estava abrindo o local. Aguardamos um pouco, bebericando um refrigerante, enquanto o forno aquecia, (tipo uns 5 minutos). Difícil foi explicar ao garçom para não colocar queijo na pizza. Estou ficando cansada da ditadura do queijo! É difícil ter um paladar refinado neste mundo gastronômico obtuso.
Dormimos muito bem e continuamos a viagem sentido Caldas Novas. Apesar das estradas estarem em boas condições, fazia muito calor e eu fui ficando muito cansada e com dor nas pernas. Mas chegamos bem, sem intercorrências. Paramos na praça principal em busca da Central de Apoio ao Turista, mas não encontramos e, também, nada de motociclistas acolhedores ou pessoas simpáticas. Muito pelo contrário. O que observamos foram rostos sisudos e atitudes que indicavam certa hostilidade.  Andamos um pouco e desistimos.
Na entrada da cidade tem muita propaganda de hotéis e dos parque aquáticos. Atendendo a um destes nos registramos na Rede Di Roma, em um apartamento particular. No preço não estava incluso as refeições, só aceitava dinheiro vivo e à vista. Assim, mais uma vez o destemido Véio saiu na companhia de um total desconhecido, em uma cidade totalmente estranha até um caixa eletrônico sacar dinheiro.
Só depois que estávamos instalados percebemos que não havia roupa de cama e o controle do ar condicionado estava encaixado em um suporte parafusado à parede, impedindo o manejo da temperatura. A roupa eu solicitei à camareira que a entregou rapidamente e o Cássio sacou seu canivete e desparafusou o controle, tendo o cuidado de recolocá-lo sempre que saíamos do quarto.
Retornamos ao Centro para jantar e abastecer o frigobar para o café da manhã em um mercado 24 horas. Achei os preços superiores aos praticados em São Paulo.
Na principal praça os representantes dos restaurantes disputam os clientes de forma competitiva e agressiva, abordando e perseguindo os transeuntes.
O nosso objetivo era comer um prato com pequi, que é uma fruta ou é um legume da região. Pedimos uma “panelinha” composta por arroz, pequi picado, carne de sol e linguiça. Acompanhada de saladinha, no caso meio tomate fatiado e um pedacinho de cebola em rodela e feijão com caldo ou tropeiro. Escolhemos o tropeiro. O garçom fez uma cara de “quem manda é o cliente...” Quando a comida chegou decodificamos a expressão do servidor de mesa. O arroz, apesar das carnes, é seco; feijão é com farinha, então seco; foi necessário muito refrigerante para engolir tudo, mas estava saboroso. Contudo o pequi não tem gosto de nada especial. Parece uma cruza de manga com pimentão amarelo, tudo sem sabor.
Retornamos ao hotel para aproveitar as piscinas termais. Ficamos um pouco, mas eu estava com muito sono (novidade) e fui dormir.
Tomamos nosso café da manhã dentro quarto, pela primeira vez, e fomos ao Parque Aquático Di Roma. Na saída do hotel fomos abordados por uma representante comercial do conglomerado Di Roma, nos convidando para conhecer os empreendimentos, por um período de 50 minutos, e ganharíamos um brinde a escolher: almoço dentro do Parque ou jantar no principal hotel do grupo e uma bolsa. Escolhemos o jantar.
Seguimos a vendedora a uma sala institucional, onde fomos, de forma incisiva, apresentados a um plano mirabolante de fidelidade ao Di Roma e associados. O Cássio estranhamente começou a digladiar com pobre da trabalhadora, como se nós estivéssemos no local “obrigados” ou pior, tivéssemos sido “enganados”. A ponto da encarregada simplesmente entregar a bolsa o voucher do jantar e nos dispensar, falando: - Alguma dúvida a mais? Então a saída e ali, a moça vai acompanhá-los! O Véio ainda saiu resmungando que tinha perdido tempo de uso do Parque.
Passamos o resto do dia brincando nas atrações aquáticas. Bem legal. Mas acho que eu estou ficando velha. Tenho medo dos toboáguas, fechados, fico ansiosa. O local estava vazio, só algumas crianças irritantes e barulhentas sob um calor de rachar qualquer coisa.
No período da tarde eu estava sonolenta devido aos exercícios dentro das águas, o sol e, bem eu nem preciso de nada disso para ficar com sono, mas acho que os elementos citados contribuíram.
Jantamos no restaurante restrito do Di Roma. O cardápio é muito bom, diversificado e com bebidas não alcoólicas incluídas.
No outro dia, de manhã, saímos para um tuour nos pontos turísticos da cidade. A primeira parada ficava a menos 1 km do hotel, nem valeu o trabalho de entrarmos o micro ônibus. O local é o centro de artesanato e chocolates gaúchos. Comprei chocolate Caracol e chaveirinhos. A segunda parada foi em uma cachaçaria artesanal, onde o Cássio degustou o principal produto do local. Ele comentou posteriormente que foi a pior pinga que já experimentou. Depois fomos até o Parque Oriental. Bonito mas igualzinho a todos os outros construídos. Entramos e uma jovem guia iniciou as explicações, esclarecendo que teríamos tempo depois para fotos, mas quase ninguém deu atenção à moça. Distraímo-nos fazendo pose para self e perdemos a exposição, assim, eu não sei fez e por que tem um Jardim Japonês naquela terra quente, já que não observei qualquer outra influência oriental na região. Lá é mantida como forma de museu a segunda casa mais velha de Goiás. Finalmente paramos em outro museu que foi a residência dos Gonzagas, família importante e influente. Em um dos cômodos, sem qualquer descrição, havia algumas fantasias como aquelas usadas em rituais da kun Klux Kla, só que coloridas e tochas. Deduzimos que dessa vez os alvos dos perseguidos não eram pessoas negras, sem trocadilho – alvo X negros, e, sim os homossexuais. Mas pesquisando descobrimos que são alegorias folclóricas ligadas a Queima do Judas, uma Festa que envolve ritos pagãos, afrodescentes e católicos.
No período da tarde aproveitamos todos os benefícios do Hotel, com suas 6 piscinas, 4 delas aquecidas e uma com hidromassagem colada ao bar molhado. Animador fazendo aula de dança e hidroginástica com os hóspedes. Muito relaxante e divertido. O Véio declarou que eu o estava envergonhando, pois me juntei à galera durante a brincadeira de axé e funk. Nada de sertanejo na terra do Sertanejo? No jantar, comemos no próprio hotel uma ótima comida.
Dormimos cedo para termos fôlego até São Paulo. Nesse ponto já tínhamos abortado a ideia de contornar Minas Gerais, pois no caminho percebemos que não havia pontos turísticos identificados no Mato Grosso do Sul e o calor estava nos esgotando. Assim viemos por Uberlândia – MG, até Barra Bonita – SP, voando baixo, por estradas ótimas. Junto conosco veio a chuva.
Pernoitamos em um hotel adaptado dentro de um antigo galpão, mas sem qualquer glamour e com um cafezinho medíocre, como fomos descobrir na manhã seguinte. Fiquei mal acostumada com o tratamento VIP ao longo da viagem.
Andamos pela cidade que é bem bonita e organizada em busca de um local para jantarmos. Sentamos em uma lanchonete e enquanto decidíamos o que comer 3 japoneses, sendo que uma delas se abanava freneticamente com um leque, perguntaram algo como: - Lestaulant gilasol onde? Como não reagimos inicialmente à mulher repetiu a frase, falando mais rápido, mais alto e movimentando intensamente o instrumento de abano como se fosse uma arma samurai. O Cássio conseguiu entender o questionamento e misturando gestos e palavras revelou a direção do estabelecimento. Eu, é claro, estava rindo. Ah, vai dizer que não é surreal uma japonesa falando enrolado e se movimentando como se estivesse imitando a Princesa Kitana do Mortal Kombat....
Acabamos seguindo os estrangeiros até o restaurante Girassol, onde os mesmos estavam entabulando uma conversa animada e em japonês com o dono, e pedimos um peixe na telha, que mais parecia uma sopa de tanto molho de tomate, que deixou muito a desejar para o nosso paladar. O local tem música ao vivo e a dupla sertaneja já estava fazendo os preparativos. Enfim, depois de passar por Goiás, berço dos mais famosos cantores de sertanejo, onde eu só ouvi funk e axé, foi em São Paulo que reencontramos o estilo.
O japonês dono do restaurante perguntou se nós íamos fazer a excursão de barco pelo rio Tietê, quando confirmamos ele desqualificou a comida servida durante o passeio e sugeriu que almoçássemos ali com ele, bem mais barato. Preferimos arriscar no barco. Aff, japonês “fura olho”.
Deixamos nossa bagagem na recepção do hotel e embarcamos às 11 horas. Felizmente o tempo tinha firmado.
Há três empresas que fazem a exploração náutica do rio. Escolhemos a que tinha a embarcação maior. Com capacidade para 200 pessoas, mas tinha apenas uns 40 passageiros, o que nos possibilitou circular e aproveitar bem o trajeto. Fim de semana “fraco”, segundo o Capitão.
Adorei a proposta e fiquei muito impressionada com o sistema de engenharia da eclusa sem uso de força motor, e o almoço, contradizendo a previsão do concorrente, estava bom.
De volta à estrada paramos em Limeira porque nossos amigos dos Tartarugas de Aço estavam rodando sentido à cidade para um encontro de motoclubes. Ficamos um pouco perdidos procurando o endereço do evento e em determinado momento observamos um motoqueiro em uma esportiva, portanto nos critérios do Cássio uma pessoa confiável, ou pelo menos de bom gosto. Fizemos contato e ele nos informou que estávamos indo no sentido errado. Ao voltar percebi inúmeras loja e fabricantes de joias. Fiquei muito empolgada, pois acho que tenho sangue cigano, adoro um ouro e brilhos, mas devido à hora o comércio estava fechado.
Um frentista nós indicou um hotel nas imediações. Quando entramos no local havia vitrines com joias dispostas por toda a recepção, verdadeiras obras de arte. Fiquei encantada!
Instalamos-nos e fomos até o evento, apesar do cansaço. Quando entramos estava acontecendo o show do Ozzy Cover e toda a minha fadiga foi lavada pela boa música.
A praça de alimentação era diversificada, mas eu achei a comida muito cara e o banheiro era químico. Fiquei apavorada, pois este é o tipo de ambiente que personifica minha fobia – pequeno, fechado, abafado, com trava, sujo, escuro.
No outro dia chegamos cedo ao local para reservar cadeiras e mesas para os Tartarugas. O calor quase nos cozinhou. Eu ainda desvesti a roupa de viagem e descalcei as botas, o Véio não foi tão prevenido e quase desidratou, principalmente porque não podia se refrescar (muito) com cerveja, por questões de segurança e legalidade.
Reencontrar a turma foi bem legal. Aproveitamos para atualizar as fofocas. Retornamos todos juntos.
Nossas férias foram muuuuuito legais. Só com saldo positivo de lembranças alegres, contato com lugares, culturas e pessoas diferentes, aventuras, muitas fotos e, principalmente um recorde, pois eu o Cássio e a Fiona voltamos inteiros e saudáveis, estou ai desconsiderando as altas da pressão arterial do meu maridinho.
Já estou pensando no próximo ano!
Lucilene

03/10/2015

Dragões na Real...Estrada

No feriado paulista de 09 de julho, eu e o Véio fomos conhecer as maravilhas arquitetônicas e artísticas da Rota do Ouro, no trecho entre Congonhas e Mariana em Minas Gerais.
O Véio, como de costume, traçou o percurso, pesquisou as pousadas e pontos turísticos, mas decidimos viajar na coragem e no improviso, para dar mais emoção.
Saímos cedinho, super agasalhados e com as malas abarrotadas de blusas de frio e meias, a final estamos em pleno inverno. Alguns quilômetros depois estávamos suados e grudentos, mas sorridentes e motivados.
Muitos quilômetro depois, estávamos mais suarentos, ainda sorrindo, mas já contando os metros faltantes, lembrando que são mais de 600 km, feitos em torno de 7 horas de viagem.
Parada no Rei da Traíra
Três Corações - MG
Próximos à Congonhas, tinha anoitecido e a estrada era desconhecida, então optamos por parar em uma pousada anunciada nas imediações na cidadezinha de São Brás de Suaçui, em homenagem ao São Brás, sabe aquele da tosse, ou é soluço...tô na dúvida?
No portão da hospedaria, feita de pedras e jardinada, quando o Véio embicou a moto, alguns pedregulhos rolaram e a Fiona tombou, leeeentamente até o muro. Meio no susto, saltamos e não chegamos a cair, mas a máquina pesa muito e é difícil de mover. Um trabalhador que passava gentilmente nos ajudou a levantar a moto. Bem auxiliou o Véio, por que eu fique em volta dando apoio moral, a final cada um contribui com o que sabe ou pode.
A pousada Vila Lara revelou-se aconchegante e com um preço dentro do previsto. Após um caldinho quente com torradas, servido na comodidade da casa, fomos dormir. Na manhã seguinte, despertamos ao de sons de pássaros e tomamos um café da manhã digno da realeza. Acho que a Estrada Real, que corta a região, inspirou o pousadeiro. Tudo deliciosamente produzido no local.
Interessante, que neste final de semana aconteceu o falecimento do ator Omar Sharif, o protagonista do filme Doutor Givago, 1963, cuja música é o Tema de Lara, chocante a coincidência....nossa isso foi muito nerd da minha parte.
Consultamos os mapas e seguimos até Mariana, onde estão localizadas as mais belas obras sacras e igrejas do século XVIII, no estilo barroco com rococó, do artista local Ataíde, do ateliê do mestre Aleijadinho e do próprio Aleijadinho.

Concluí que Minas Gerais é um estado tradicionalista, pois seu principal tesouro, que está nas construções arquitetônicas no estilo barroco com rococó é presente até nas curvas da Rodovia 040, que está renovada e duplicada, e nas transversais. Eita pista “nervosa”, chega a embrulhar o estômago de tanto tombar para a direita, esquerda e assim vai.



No período da tarde paramos em Ouro Preto, principal ponto turístico da região. Nós e todos os paulistas curtindo o feriado e uma legião de católicos da terceira idade. A cidade estava lotada. Difícil de caminhar e estacionar. Muito calor – cadê o inverno ??  Claramente estávamos suados e chamando muita atenção com nossas roupas de motoqueiros viajantes.
Mesmo sendo uma habitante de Mauá, fiquei surpresa com os morros onde estão instaladas as construções. A pavimentação do século XVIII é um desafio ao equilíbrio e tornozelos. O Véio esqueceu de levar o cabo de aço para prender as bagagens, assim, além de nos equilibrarmos nas pedras, calçando botas rígidas, ainda arrastamos os capacetes e blusas pelas ruelas e ribanceiras da cidade dourada. Mas, não se engane, vale a pena, o local é lindo, de um jeito próprio, rico em história e simbologia.










Voltamos para a pousada ainda de dia, por motivos de segurança, para mais uma rodada de caldinho saboroso e tranquilidade.
No sábado, saímos após o café real, sentido Congonhas, onde estão as principais obras de Aleijadinho, os 12 Profetas (acho que eu contei 13) esculpidos em pedra sabão e muitas outras obras.

 








Fizemos uns trechos ladrilhados da Estrada Real e fotografamos uns marcos. Até chegamos bem pertinho de uma área de terra batida. Um morador nos viu e foi logo avisando: - Uai, vai passa ai...uhm tá bem ruim, sô! Como eu já tive minha cota de poeira real pelas próximas décadas....fiz biquinho e choraminguei para o Cássio dar a volta e pegar o asfalto, e como eu era a única companhia dele neste passeio, ele acatou.
Paulista sai de São Paulo, mas São Paulo não sai da gente. São Paulo, de forma geral, não para. Tem atração 24 horas. 
Já lá em Minas, em pleno coração turístico, os pontos fecham para almoço e aos sábados ficam até 14 horas. Jesuscristinho, eita povo sossegado. Assim, passeamos pela manhã e a tarde ficamos livres. No caminho eu tinha visto um local especializado em empadinhas, paramos para um saboroso lanche. 



Compramos umas lembrancinhas para enfeitar a minha estante. À noite fomos conhecer os arredores de São Brás, que não tem qualquer apelo turístico, mas é limpinha. Sentamos em uma pizzaria e comemos picadinho de mandioca frita.
Bem descansados, partimos de volta para casa, na expectativa de entrar em São Paulo antes da noite, para evitar o transito pesado da capital. É, mais não deu tempo, pra variar, chegando perto de Atibaia, a bendita da Rodovia Fernão Dias estava travada.
Foi bem legal. As cidades são lindas, mas é uma região para apenas uma visita.

Lucilene

13/07/15

sábado, 11 de janeiro de 2014

Os Patetas



No domingo, 05 de janeiro, combinamos um passeio rápido de moto à Salesópolis, incluindo uma paradinha para café da manhã na estrada, uma esticadinha ao Parque Estadual do Tietê e almoço no retaurante Senzala.
O dia, contrariando todas as expectativas, previsões dos meteriologistas e a semana absurdamente quente e ensolarada, amanhceu nublado e chuviscando.
Logo de cara um dos participantes desistiu devido ao mau tempo.
 Eu e o Cássio chegamos ao ponto de encontro em Mauá no horário previsto e lá já estavam estacionados 3 dos 5 colegas confirmados. Lembrando que os encontros são marcados via facebook dentro do grupo M C Dragões das Sombras.
 

Formado o grupo, sendo 4 motos e 1 carro, partimos rumo ao primeiro passeio do ano de 2014. Ainda na cidade de Ribeirão Pires, ou seja, a uns 5 quilômetros do posto em Mauá,  já estávamos molhados devido a chuva. Os pilotos pararam para vestir as capas de chuva e eu que ainda estou me recuperando do tornozelo calçava uma bota ortopédica de pressão, decidi pegar carona no carro. Com apoio do Cássio fui saltitando em um pé só até a porta e para minha surpresa tinha 5 pessoas no carro, coisa que eu não tinha percebido de antemão, pois as mesmas estavam cochilando no banco. Estanquei rapidamente e o Cássio, por reflexo, soltou meu braço antes de que eu conseguisse me apoiar na porta, assim eu tropecei e bati com cotovelo ganhando o que seria a minha primeira marca do dia.
Consideramos que a chuva não iria passar, assim decidimos mudar o itinerário e parar no Riacho Grande para comer pescado em algum restaurante. Mas estávamos bem perto deste novo destino, de forma que antes mesmo das 10h30min estacionamos no restaurante Praiano. Os funcionários ainda se encontravam preparando o local para receber os fregueses. Mais uma vez discutivos os próximos passos, já que a chuva começava a parar.
Todos desceram do carro e apiaram das motos, menos eu que fiquei enroscada considerando o peso da porta e a impossibilidade de apoiar os pés no chão devido as poças de água. E o Cássio sem  perceber o meu sufoco, bem sossegado de papo com os amigos. Nada que um brado: - Cássio, ajuda!! não tenha resolvido.
Optamos por ir até a cidade de Embu, local reconhecido pelos artesanatos. Eu voltei à garupa da moto, tocamos pelo Rodoanel e o sol se fez presente, bem como o calor.
Na cidade entramos sentido centro em busca de local autorizado para estacionar as motos. Enquanto fazíamos uma rotatória senti um tranco na moto, como se tivéssemos passado sobre um obstáculo, e na sequência um barulho no motor parecido quando a gente erra a marcha. O Cássio bambiou e parou bem na esquina atrapalhando todo o transito. Eu interpretei o movimento como uma falha ou quebra mecânica e tratei de descer da moto independente da posição que estava. O Cássio acelerou a HD subiu a rua íngreme e eu fiquei sozinha me arrastando pela ladeira. Quando cheguei vi o colegas ajudando a puxar a moto para estacionar e cercando o meu marido, que estava pálido e prestes a perder os sentidos. De repente vimos uma fumacinha subindo é o Cássio se abanando, pois enquanto ele tentava sair da moto encostou a perna no escapamento quente e lá se foi a pobre da capa plástica de chuva para a reciclagem.
Quando o Cássio se recuperou ele esclareceu que estava com o pé pendurado na plataforma e chutou uma tartaruga, a dor foi tão forte que não conseguiu cambiar ou equilibrar a moto.
Sob um forte sol resolvemos circular pela feira de artesanato e tomar um café para revitalizar, eu mancando do pé direito e o Cássio com o esquerdo e a galera só rindo da bizarrice da situação.
Na cafeteria fui usar o toalete e prensei o dedo na porta a ponto de arrancar a unha. Quando mostrei o estrago para os amigos eles foram unânimes em sugerir uma reza brava e sal grosso, pois se continuarmos neste ritmo até o fim de 2014, precisaremos mudar o valor da nossa apólice de seguro.
Durante o almoço em uma churrascaria abafada, mas bem legal, com comida variada, não tivemos incidentes, bem quase nada, só o Cássio que não percebeu a churrasqueira onde eram servidas as carnes e comeu apenas a comida do buffet (saladas, guarnições, temperos). Fiquei até com peninha da carinha decepcionada do Cássio quando nos preparávamos para sair e ele viu o garço levar os pratos usados com os restos das carnes suculentas.
Quando chegamos em casa e o Cássio tirou a bota, vimos dois dedos roxos e o pé inchado. Eu com os meus anos de medicina de butiquim concluí que ele tinha fraturado ou no mínimo trincado os dedinhos e receitei gelo e descanço.
Neste passeio só faltou arremesso de torta na cara, de resto parecia um filme pastelão dos Patetas.
Que venham muitas aventuras 2014!!!!!
Mauá, janeiro de 2014.
Lucilene